O obscurecimento da dor como dispositivo de controle da força de trabalho frente às LER/Dort: o caso das indústrias de abate e processamento de carnes
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
Este artigo discute como se produz a invisibilização das dificuldades em saúde associadas às LER/Dort, em especial da dor, na atenção à saúde dos trabalhadores das indústrias de abate e processamento de carnes de Santa Catarina, Brasil. Esse processo mostrou-se atrelado aos procedimentos técnico-assistenciais realizados nos serviços de saúde, públicos e privados, ao longo do percurso dos trabalhadores usuários pela rede, em que se destaca a medicamentalização da dor, por meio da prescrição e do consumo abusivo de fármacos. Concluiu-se que as atuais ofertas terapêuticas na atenção à saúde desses trabalhadores, orientadas pelo modelo biomédico, atuam como dispositivo biopolítico de controle das indústrias sobre sua força de trabalho. Esse processo mascara as dificuldades em saúde e conduz ao adoecimento dos trabalhadores usuários ao longo de seus percursos pela rede de saúde, sugerindo a necessidade de repensar a forma como se dá a atenção à saúde dessa população.